sexta-feira, 20 de junho de 2008

Descrição sem edição

Eu nunca passei por um perrengue danado na vida. Tenho vivos todos aqueles que me pariram. Seja no sentido literal da coisa, seja na distribuição de amores e aprendizados que fizeram de mim o que eu sou hoje: filha, irmã, cunhada, tia, amiga, namorada. Não todas perfeita e igualmente bem, mas todas com aqueles ainda presentes, mesmo na ausência da distância, e isso deve significar alguma coisa.

Além do mais faço a faculdade que eu sempre quis e tenho na cabeceira da cama, sempre, um livro.

Hoje eu tenho saudades de casa. E a saudade sabe ser bem filha da puta, confesso. Mas é diferente. Não foi imposto. Foi escolhido. Não é karma. É destino. E a qualquer hora, qualquer uminha dela, eu posso voltar atrás, se quiser. Até minhas saudades são bonitas.

Isso não quer dizer, porém, que eu não tenha as minhas dores, que eu não chore os meus desencontros comigo mesma. Muito menos que isso tudo que eu sinta seja menos do que sente os que driblaram grandes obstáculos.

Fato é que eu nunca tive desses grandes problemas que todo mundo se compadece. Até eu me compadeço com esse tipo de dores alheias, mas sem de todo senti-las ou desfrutar da inspiração que vem delas. As dores são realmente doídas no corpo e na alma de quem as vive. Eu apenas as observo. E vivo as minhas do meu jeito. De um jeito que ninguém sente pena. Ou reconhece.

Mas isso não faz de mim menos vivida ou inspirada. Esse blog talvez venha a servir como uma prova disso. Ou talvez para que eu me convença do contrário. Fato é que, mais do que todas essas coisas, esse blog nasceu em prol da valorização do meu tempo desperdiçado.

Hoje, o mais grave pelo que passo talvez seja... Não. Talvez seja, não. De fato é. O fato do meu ônibus passar de vez em quando, quando dá na telha, todos os dias da semana (isso sem contar os finais dela e feriados quando simplesmente não passa), condenando-me a uma verdadeira perda de tempo no ponto. (Eu avisei que não sofro de duras penas...)

A maioria do que se tem por aqui, pelos menos o esqueleto disso ou a cereja do bolo, foi por mim escrito e pensado (se pensado e roubado, tem seus devidos direitos autorais..) enquanto eu esperava pelo quase extinto Vila Madalena na porta da ECA.

Porque não só grandes dores geram escritores intensos, assim como longas esperas também.

Nenhum comentário: